Newton Cardoso

Morreu hoje, 2 de fevereiro de 2025, o ex-governador de Minas Gerais (1987-1991), o baiano Newton Cardoso (PMDB), nascido em Brumado.

Empresário muito rico, dono de fazendas de gado e reflorestamento de eucalipto, inclusive a Veredão, em Berizal, adquirida no tempo em que aquelas terras ainda faziam parte do município de Taiobeiras.

Consta que a única vez que um presidente da República pisou os pés em solo taiobeirense foi quando Newtão, como era conhecido, recebeu José Sarney na sede de sua propriedade. O avião presidencial pousou no aeroporto que até hoje serve ao latifúndio do então governador mineiro. Dizem as más línguas que aquela pista aeroportuária era para ser construída na cidade de Taiobeiras. Eu era criança, não sabia de nada.

Muito próximo do ex-prefeito taiobeirense Joel da Cruz Santos, é justamente deles dois juntos que guardo memórias, flashes do meu tempo de menino. Lembro-me do dia em que inauguraram o prédio da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, atualmente minha unidade de trabalho. Também me recordo da inauguração da estação de captação e tratamento de água de Taiobeiras, na margem do Rio Pardo, na estrada que vai para São João do Paraíso. A festa foi na Praça da Matriz, com Newtão descerrando a placa e Joelão abrindo o hidrante e jogando água no povo, que pulava de emoção.

Outra memória que tenho é de 1989. Eu na sexta série, na Escola Estadual Oswaldo Lucas Mendes. Nossa professora de história, Edna Silveira, liderou a greve histórica por melhorias salariais para os trabalhadores em educação. Houve uma celeuma entre ela e a diretora. Obviamente, tomamos partido do lado da professora. Num dos dias da greve, com a Avenida Amazonas deserta, colamos cartazes nas palmeiras que até hoje existem, em frente do Colégio, com charges que continham o corpo de um suíno desenhado e a cabeça do então governador, recortada de propagandas eleitorais, colada no bichinho. Enfim, coisas de adolescentes que viveram a redemocratização dos anos 80.

Também é necessário dizer que no Arquivo Nacional, em pesquisa recente que realizei, encontrei referências à novela da Barragem de Berizal que remontam a 1989. Os documentos da época, que qualquer cidadão pode encontrar online,  afirmam que a obra não saiu do papel por decisão de Newton Cardoso, para não desagradar ao aliado Geraldo Santana, então deputado estadual por Salinas e presidente da CEMIG.

Newton Cardoso foi sucedido no governo de Minas Gerais por Hélio Garcia.

Publicado originalmente em 02/02/2025 em https://professorlevon.home.blog/2025/02/02/newton-cardoso/

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