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A religião pode cegar tanto quanto pode libertar? Análise histórica e não teológica

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Ao longo da história, a religião tem sido uma força paradoxal: enquanto em alguns contextos serviu como instrumento de dominação e segregação, em outros foi catalisadora de avanços sociais e culturais. Essa dualidade não reside na essência do sagrado, mas na forma como as estruturas de poder manipularam suas narrativas. Analisando exemplos históricos, é possível identificar como a fé tanto cegou sociedades a aceitarem opressões quanto libertou-as para construir legados humanistas. A religião, quando institucionalizada, frequentemente legitimou hierarquias e justificou violências. Na Mesopotâmia, por exemplo, os governantes eram vistos como intermediários diretos dos deuses, consolidando um poder absoluto. Como apontam estudos, “o rei geralmente atuava como agente da divindade”, e questionar sua autoridade equivalia a desafiar o próprio sagrado. Esse mecanismo de controle perpetuou desigualdades, como na sociedade egípcia, onde a religião moldou até mesmo a arquitetura e as leis par...

Frei Jucundiano de Kok: Uma vida de devoção e serviço ao sertão mineiro

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Em janeiro de 2025, visitei o Arquivo Arquidiocesano de Montes Claros, em busca do livro do tombo da Paróquia de Santo Antônio de Salinas. O objetivo foi ver se naquele documento histórico havia alguma referência à passagem da Coluna Prestes pelo Alto Rio Pardo, em 1926. Nada encontrei. Porém, para minha grata surpresa, achei um relato sucinto sobre a data da morte de Frei Jucundiano de Kok, no ano de 1974, em Taiobeiras. E, a lápis, o frade de Salinas, à época, anotou  “Revista da Província Franciscana de Santa Cruz, ano XXXIX, nº 4, de 1974, a partir da página 277” . Copiei. Chegando a Taiobeiras, busquei na internet o contato da Província de Santa Cruz. Vi no site o endereço eletrônico do arquivo da referida circunscrição franciscana, que tem sede em Belo Horizonte. Mandei um e-mail, com os dados tomados do livro do tombo de Salinas, solicitando acesso ao material, caso estivesse digitalizado. Poucos dias depois, recebi com imensa alegria uma resposta, com todo o material solici...

Ainda sobre finados e o fim da história

Há quem considere os cemitérios um desperdício econômico. “Como assim gastar espaço com quem nada mais produz?” – pensam. “Cremar é melhor, sobra pouca coisa e é uma atividade rentável” – imaginam. E dá-lhe justificativas espiritualistas, que eu respeito, mas não concordo: não estão mais no corpo; é só matéria; vivem em outro plano, no vento, nas árvores; e etc… No fundo, subjacente, encontra-se a velha e mofada ética do capital, a cultura do descartável, o prazer pela obsolescência e a objetificação do que é humano, tanto quanto de tudo que há na Casa Comum: animais, rios, montanhas… Se não serve mais, joga-se fora, explora-se o terreno, especula-se o espaço imobiliário. E, junto a isso, o desprezo pela memória e pela história; pela coletividade, sejamos mais específicos. Cemitérios, além de melancolia ou saudade, são também lugares de pesquisa e museus que comunicam mensagens científicas, políticas e sociológicas ao presente. Que dizer dos enfileirados que morreram entre 2020 e 2021,...